19/04/2011

UM SALVE... LÁ DE IBITITÁ

IBITITÁ
EM A GRANDE  AMOSTRA DE CINEMA BAIANO

Por  Sergio Zumby e Gleciara Ramos

Logo que chegamos a
Ibititá, na manhã de terça feira, dia 12/04, fomos entrevistados na Rádio Rochedo, uma transmissão de 30 minutos de debate sobre a GRANDE AMOSTRA DO CINEMA BAHIANO, com a presença da Secretária de Cultura, Adriana Marques, e a cineclubista Irineide Figueredo.


Todas as exibições aconteceram no Clube da Cidade, na praça central. A Grande Amostra, em Ibititá, uma cidade no sertão, no oeste da Bahia, no planalto do Território de Identidade de Irecê,  foi um grande sucesso de público infanto/juvenil, variando de 400 a 600 pessoas, em cada sesssão, nos turnos da manhã e da tarde, e com um público adulto de 100 a 150 pessoas.



O grande diferencial trabalhado por nós, foi aproveitar o fato de que todos os filmes eram baianos e transitarmos nestes dias na realidade da região,  no resgate da história da cidade e de cada um presente.


Foi plantado um legado belíssimo, com esta contribuição coletiva de todos nós,  com a oportunidade desta GRANDE AMOSTRA, que foi o reforço da autoestima e do resgate indígena e afrodescendente, à identidade baiana e brasileira, à identidade do sertão, identidade de Ibititá.


A grande estrela, e luz maior do evento, foi a presença nas sessões noturnas dos dois dias, da pessoa com mais tempo vivido em Ibitittá, Dona Liberalina Arcanjo da Silveira - A Mãe Bela, de 115 anos, descendente da matriz africana e indígena, com um lúcido, e riquíssimo depoimento registrado em vídeo, aonde relatou a lembrança da presença indígena em Ibititá, à grande seca vivida na região, em 1932, as roupas tecidas em tear, e seus cerca de 156 descendentes.

Envolvemos centenas de crianças a partir de 4 anos, educadores de 5 escolas municipais, e, para a felicidade do futuro do cinema baiano, encontramos uma efervescência  de crianças e de adolescentes, que já iniciam produções em vídeo, com roteiros, fotografias e edições realizadas por eles mesmos. Entrevistamos, também, o Artista Plástico Vital Dourado, e sua grandiosa produção, no maior galpão da cidade, na construção de 30 enormes máscaras caranavalescas, para a Micareta de Ibititá, que acontecerá em 28 e 29 de maio,  os feirantes da cidade, e o trabalho pedagógico na escola Hermano Marques Dourado, desenvolvido pela Diretora Aparecida Alves Matos e a Coordenadora do MAIS EDUCAÇÃO, Aline Ribeiro Rocha.


Exibimos durante as sessões, um pouco da história da cidade, e a relacionamos aos filmes baianos passados, as inscrições indígenas, arqueológicas, a este depoimentos de Mãe Bela,  e a estes filmes feitos na região.


Estas exibições, de conteúdos locais, intercalados aos filmes baianos, passados, na abertura, ou, entre as exibições dos filmes da Amostra,  trouxeram um riquíssimo e supreendente debate, uma conscientização dos problemas, e uma identificação direta de cada um aos filmes apresentados, sobretudo "os Cães", com os relatos da Centenária "Mãe Bela".


Com as crianças, estas relações, entre o cotidiano deles e o cinema baiano, foram feitas com o filme Boi Aruá e os Caçadores de Saci.


Mas, no filme "Mr Abracadabra", teve seu maior ápice, pois, foi quandoh os risos se soltaram, e foi valorizada  a importância da relação das crianças com os idosos. Esta abordagem foi, ainda, mais realçada, com a presença dos mais de 100 netos, bisnetos, tataranetos de Mãe Bela. A importância  da relação  e doação da criança com o idoso, e vice versa,  abrilhantada de forma extremamente sutil e sensível no filme, com o argumento/roteiro e direção de Araripe, se fez mágica, pois cosnstrói valores reais viscerais, tanto, quanto, é mágico o próprio cinema, como mostra o filme, na tela e fora dela, na sua assimilação e nos debates.


Também, a trajetória, quase que centenária, do Mestre do Samba "Riachão", durante todo o século 20, desde o início do carnaval, até os tempos atuais, foi comparada e reforçada, novamente,  com a presença centenária de Mãe Bela, e seus relatos destes períodos seculares.

Ao final, desta experiência, principalmente deste diálogo da realidade com o cinema, fica o valor imaterial da memória de nossas raízes reais, tão feridas e esquecidas, fica o valor imaterial da memória registrada pelo cinema, e que se difundidas, na comunidade, estas duas memórias se encontram de maneira mágica e renovadora, transformadora, pois a magia da autoestima coletiva e individual acontecem, e, transcendem a dureza das violências cotidianas, vividas por todos nós, uma vez que traz siginificados para elas, e, por isto nos liberta, enquanto povo, enquanto cultura.

SALVE O POVO DE IBITITÁ, SALVE A GUERREIRA CINECLUBISTA IRINEIDE FIGUEREDO, E SEU ESCUDEIRO IGOR, SALVE A ATENCIOSA SECRETÁRIA DE CULTURA ADRIANA MARQUES, QUE SUGERIU A ENTREVISTA COM MÃE BELA, E SALVE OS 115 ANOS DE EXPERIÊNCIA DEIXADOS PARA NÓS,  DE LIBERALINA ARCANJO DA SILVEIRA, A MÃE BELA, QUE JÁ ATRAVESSOU, COMO O CINEMA, DOIS SÉCULOS!.
SALVE O CINEMA BAIANO!
SALVE O CINECLUBISMO!

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