03/06/2011

GRANDE AMOSTRA DO CINEMA BAHIANO EM ABAIRA


DIAS 19 E 20/05/2011

Chegamos em Abaíra, cidade cravada em um vale ao lado do Município de Piatã, onde fica o ponto mais alto da Bahia e duas comunidades quilombolas nos arredores. Ruas muito limpas e noites com portas e janelas fechadas, mas, com casinhas antigas, que deixam escapar a simpatia de uma época em que os programas de TV não prendiam e isolavam seus moradores, deixando as varandas, as estrelas e a lua, sozinhas, sem ninguém para brincar com elas e/ou admirá-las, Uma época em que o Cinema em Abairense funcionava, exibindo os filmes lançados nas capitais do país. Nem os bares tem movimento, nas noites de Abaíra, nem mesmo a cachaça que leva o nome da cidade, a melhor da Bahia, orgânica, feita artesanalmente, de cana de açúcar dos pequenos produtores do município, é consumida, pois os moradores do lugar, já, participaram de vivências de combate ao alcoolismo. Com o Cine Mais Cultura, hoje, voltou a funcionar o Cine Abairense, agora, não comercial, mas, um cineclube, com 50 lugares, para atender as crianças da escola, e, alguns casais nas noites de sexta-feira.

Chegamos com a Grande Amostra de Cinema Bahiano, e, fomos recebidos pelo Diretor de Cultura, pelo Secretário de Educação e pelo Prefeito do município, com grande expectativa em conhecer as obras dos artistas baianos.

Todos os filmes exibidos geraram grande identificação, e estimularam, muito o debate.

Desde o público infanto-juvenil até aos adultos. O filme Abracadabra resgata a magia do cinema, e da relação entre os idosos e as crianças, O Caçador de Saci, as brincadeiras e diversidades da natureza, 10 Centavos, a dura realidade social das grandes cidades, mas também a dignidade de não dever nada a ninguém, o Samba Riachão, a grande força musical da Cultura Baiana, do Samba, que atravessou um século. Mas o maior efeito no público foi Diamante Bruto, um filme que deixou um público adolescente, sentado durante 1:40, mais meia hora de debate, onde o público não queria deixar o cinema. Tal identificação se deu, não somente pela herança desta realidade da exploração pela mineração do diamante, que envolveu toda Chapada Diamantina, mas pelos mistérios da natureza selvagem, lírica e trágica, que envolvem as questões raciais e amorosas, na descoberta do amor e da sexualidade, submetidos a padrões colonizadores, racistas e mesquinhos. Diamante Bruto falou tão fundo aos adolescentes da cidade, onde o verdadeiro diamante é a protagonista do filme, em sua espontaneidade, fidelidade no amor e liberdade.

Assim, mais uma vez vemos o grande potencial transformador quando o cinema encontra seu público.

Gleciara Ramos

Sergio Zumby

Cineclubistas Mediadores do Debate

Um comentário:

  1. Parabéns pelo trabalho de vocês ótimo blog.
    Alan Cardoso, Acupe, St° Amaro B/A

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